O capitalismo e as Cooperativas: o Ser, o Fazer e o Devir
- -DRA SYLVIA ROMANOOROMANO
- 7 de set. de 2020
- 19 min de leitura

A consolidação de um sistema econômico baseado na competição não eliminou a importância das mesmas que continuaram emergindo, mesmo em um ambiente hostil. Por que continuam emergindo? Quais as suas possibilidades? O que acontece quando se desenvolvem?
Objetivo:
Compreender, em termos teóricos, o fenômeno da cooperação, especialmente aquela que inspira organizações cooperativas.
Metodologia:
A pesquisa empreendeu uma concepção sistêmica e complexa do fenômeno da cooperação e do seu objeto de estudo, desenvolvendo uma discussão qualitativa, interpretativa e reflexiva em três eixos: o ser, o fazer e o devir.
Resultados
Cooperativas como organizações humanas, passam por um processo evolutivo, sofrendo os problemas próprios da administração e manutenção da democracia. Para enfrentar o processo degenerativo é preciso repensar a gestão cooperativa com base em teorias sistêmicas e autorreforçantes da identidade cooperativa.
Conclusão:
A cooperação é fundamental para a vida em sociedade, o que explica o fato de cooperativas continuarem emergindo. Ao contrário do que se disseminou, não somos apenas competitivos, somos também cooperativos e nosso conhecimento precisa ser urgentemente reconstruído.
INTRODUÇÃO
A consolidação de um sistema econômico baseado na competição e a ideia dominante nas ciências de que o homem reina sobre um mundo de objetos, detentor de verdades (Morin, 2007),( Morin, E. (2007). Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina. [ Links )
que se autoexclui nas suas relações e responsabilidades para com os outros e a natureza (Maturana & Varela, 1997), Maturana, H., & Varela, F. (1997). De máquinas e seres vivos: Autopoiese, a organização do vivo. Porto Alegre: Artes Médicas “são uma conjugação violenta, porque predatória e insustentável. Já não devemos falar apenas em termos de crises econômicas, existe uma crise latente que é estrutural, econômica, política e sobre os vínculos humanos. Ainda assim, a cooperação sempre esteve presente, mesmo em meio ao ambiente hostil que se configurou, desde as manifestações espontâneas de altruísmo e ajuda mútua, ao uso da cooperação para realizar ações conjuntas, em prol ou não de objetivos comuns, como forma de resistência no sentido da autorrealização humana.”
Estamos estudando em termos teóricos e com base em pesquisas existentes o fenômeno da cooperação, especialmente aquela que inspira a organização cooperativa, com o objetivo de desenvolver uma concepção teórica atualizada sobre este tema.
Por que continuam emergindo?
Quais as suas possibilidades?
O que acontece quando se desenvolvem?
De acordo com Le Moigne (1996), Le Moigne, J. (1996). A teoria do sistema geral. Lisbon: Instituto Piaget um projeto sistêmico exige novas perspectivas.
A primeira delas implica o reconhecimento de uma teoria de modelização que pressupõe a pluralidade dos modelos concebíveis de um mesmo fenômeno e dos métodos de modelização. A liberdade está no cerne da cognição, o conhecimento é arquitetado, não estamos reduzidos às receitas dos métodos hipotético-dedutivos, mas dispomos de um campo aberto de métodos axiomático-indutivos.
A segunda perspectiva está relacionada ao paradigma da complexidade, que reconhece e aceita a complexidade do fenômeno observado
. Terceira perspectiva: tudo é organização.
A modelização sistêmica tem a capacidade de respeitar a “dialética constitutiva de toda a complexidade: transformar-se funcionando e funcionar transformando-se, mantendo a sua identidade” (Le Moigne, 1996, p. 28).
Quarta perspectiva: sistema é sistema, não é conjunto.
Para superar a análise conjuntista é preciso passar da pergunta ‘do que é feito?’ à pergunta ‘o que é que faz?’.
Isto permite que se supere a modelização analítico-orgânica e que passemos a uma modelização sistemo-funcional (Le Moigne, 1996, p. 31) Le Moigne, J. (1996). A teoria do sistema geral. Lisbon: Instituto Piaget.
Quinta perspectiva: modelizar é decidir, o modelizador é dotado de liberdade criadora, que explicita ou verifica a priori os axiomas sobre os quais vai apoiar progressivamente suas inferências.
Apresentaremos uma concepção sistêmica de pesquisa
Tal empreendimento de modelização exige novos preceitos metodológicos (Le Moigne, 1996), explicados a seguir.
O preceito de pertinência afirma que o objeto é definido pelas intenções (declaradas ou não) do modelizador, por sua capacidade de desenvolver relações associadas a algumas finalidades perceptíveis e explicáveis. Isto envolve aceitar que a percepção do modelizador e o próprio objeto podem mudar.
O preceito de globalismo considera que o objeto a ser descoberto está inserido e ativo em um todo maior; compreender este ambiente é condição para o conhecimento do objeto.
O preceito teleológico interpreta o objeto pelo seu comportamento, sem procurar explicá-lo com base em alguma lei de eventual estrutura ou causalidade, procurando considerar fins, meios e suas relações (Le Moigne, 1996, p. 56).
O preceito de agregatividade: toda representação é deliberadamente partidária. Busca-se por meio de alguma orientação selecionar os agregados pertinentes, reconhecendo que a objetividade do recenseamento exaustivo é irreal.
Aceita-se a interpretação em termos relativos e contingentes (Le Moigne, 1996).
Para realizar esses preceitos, além da descrição formal do que é o fenômeno ou um objeto (ao que se restringiu por muito tempo a ciência), é preciso acrescentar o que acontece quando em contato com o seu ambiente. Isto se chama a definição experimental ou praxiológica do objeto.
A ênfase não está na composição, mas no comportamento. Além da essência e da experiência é preciso conhecer o objeto na sua história (hereditariedade) e no seu devir.
Assim, o ser, o fazer e o devir representam uma triangulação e abertura para a representação e o conhecimento do objeto, sendo cada concepção única (Le Moigne, 1996, p. 79). Portanto, para as questões que a pesquisa se propôs a responder, pela complexidade do seu objeto (a cooperativa, que envolve um fenômeno, a cooperação), encontramos na triangulação proposta por Le Moigne (1996) um método e uma estratégia de pesquisa.
A discussão é qualitativa, interpretativa e reflexiva, com base essencialmente na interpretação de conceitos e implicações teóricas.
Primeiramente é desenvolvida uma revisão histórica do fenômeno da cooperação e do cooperativismo (o ser);
em seguida, são revisadas teorias resultantes de pesquisas empíricas para encontrar referências sobre o comportamento cooperativo (o fazer);
por último, foram buscados alguns agregados teóricos pertinentes para a compreensão do fenômeno da cooperação, com base na teoria dos jogos, da ação coletiva e da filosofia analítica (o devir).
Com isso, nos deslocamos entre paradigmas de sistemas filosóficos mais amplos (que envolvem ontologias, epistemologias e metodologias) e perspectivas não tão desenvolvidas (embora essa associação seja um exercício difícil), sobrepostas e até concorrentes, de forma reflexiva por meio de representações interligadas, desenvolvendo uma estrutura interpretativa (Denzin & Lincoln, 2006). Denzin, N., & Lincoln, Y. (2006). A Disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. In N. Denzin, & Y. Lincoln (Eds). O planejamento da pesquisa qualitativa: Teorias e abordagens. (pp. 15-41). Porto Alegre: Artmed
As cooperativas são fundamento da vida em sociedade(Bowles & Gintis, 2011; Candau, 2018; Kropotkin, 1902) e de qualquer organização, o que explica o fato de cooperativas continuarem emergindo mesmo em meio ao ambiente hostil.( Bowles, S., & Gintis, H. (2011). A cooperative species: Human reciprocity and its evolution. New Jersey: Princeton University Press. [ Links ]
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Jesus, P., & Tiriba, L. Cooperação (2003). In A. Cattani. (Ed.) A outra Economia. (pp. 49-54). Porto Alegre: Veraz.
COOPERAÇÃO: O SER
Definição
A cooperação possui sentidos de ação e movimento (Jesus & Tiriba, 2003). Bowles, S., & Gintis, H. (2011). A cooperative species: Human reciprocity and its evolution. New Jersey: Princeton University Press. [ Links ]
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Jesus, P., & Tiriba, L. Cooperação (2003). In A. Cattani. (Ed.) A outra Economia. (pp. 49-54). Porto Alegre: Veraz.
Ação no sentido de empenho, compromisso, ainda que não seja formalizado, de empreender algo, produzindo com outras pessoas. Neste sentido se opõe ao individual, é tomar parte em um empreendimento coletivo que depende da ação de cada um. Cooperação remete também a movimento no sentido de evolução da própria história da humanidade, que se baseou na vida em coletividades e possibilitou a sobrevivência também de outras espécies (Gambetta, 1996). Gambetta, D. (1996). Confiança e cooperação. In W. Outhwaite, T. Bottomore, (Eds.), Dicionário do pensamento social do século XX (pp.119-120). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. [ Links ]
Complementando esse sentido de movimento, é importante a observação sobre como o coletivismo de base cooperativa foi sendo gradualmente suprimido na modernidade ocidental por diversas revoluções: a econômica, quando os indivíduos passaram a ter uma vida econômica independente da economia familiar; a revolução intelectual, referente à (re)descoberta do uso da razão; a revolução espiritual, pela liberdade do pensamento; a revolução agrícola, em que os camponeses deixaram a organização coletiva e a forma feudal; a revolução política, conquista dos direitos fundamentais; e, finalmente, a revolução industrial (Lasserre, 1972). Lasserre, G. (1972). El cooperativismo. Barcelona: Oikos-Tau Edincioes
Ao longo desse desenvolvimento a cooperação ganhou novo significado ou forma histórica peculiar do processo de produção capitalista, transformando-se em força produtiva do capital, geradora de mais-valia através do trabalho simultâneo dos trabalhadores nos locais de trabalho (Marx, 2002) Marx, K. (2002). O capital: Crítica da Economia Política. Livro Primeiro (Vol. 1). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. [ Links ]
, mecanismo que vem se aperfeiçoando desde o início do século passado com os desdobramentos das ciências da gestão.
Embora esse processo tenha contribuído com o desenvolvimento de uma sociedade individualista, em que se tentou suprimir as formas de organização coletiva, a cooperação continua existindo, preenchendo espaços não ocupados pelas estruturas formais e mesmo dentro delas. Por isso, existe hoje um amplo e promissor campo de estudos sobre cooperação (Bear & Rand, 2016; Bowles & Gintis, 2011; Candau, 2018; Grossmann; Brienza, & Bobocel, 2017). Bear, A, & Rand, D. G. (2016). Intuition, deliberation, and the evolution of cooperation. PNAS - Proceedings of the National Academy of Sciences of The United States of America, 113(4), 936-941.
Bowles, S., & Gintis, H. (2011). A cooperative species: Human reciprocity and its evolution. New Jersey: Princeton University Press
Candau, J. (2018). Coopération, Anthropen.org. Paris: Éditions des archives contemporaines.
Grossmann, I., Brienza, J. P., & Bobocel, D. R. (2017). Wise deliberation sustains cooperation. Nature Human Behaviour, 1(0061
“ Desde a perspectiva da pesquisa científica, o estudo da cooperação é difícil devido à sua sofisticação conceitual e da dificuldade de analisá-la, pois envolve a monitoração de diferentes agentes em interação em ambientes complexos (Gambetta, 1996). Gambetta, D. (1996). Confiança e cooperação. In W. Outhwaite, T. Bottomore, (Eds.), Dicionário do pensamento social do século XX (pp.119-120). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. [ Links ]
“
Além disso, a cooperação normalmente está vinculada a outras densas discussões teóricas como confiança, moral, reconhecimento, cultura, altruísmo e solidariedade. Recursos que não podem ser fabricados, comprados ou mensurados. Embora o mercado venha se interessando, constituem um capital que não pode ser controlado e se esconde na sociabilidade humana (Bauman, 2004). Bauman, Z. (2004). Amor Líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. [ Links
Uma das principais referências para o estudo da cooperação é Piotr Kropotkin (1842-1921), de modo especial sua obra Mutual aid, em que desenvolveu uma análise generosa da evolução humana, sendo importante referência para compreender as origens das práticas de cooperação, contrastando com o conceito de seleção natural darwinista (Bowles & Gintis, 2011). Baseado nas observações feitas durante suas viagens, Kropotkin (1902) percebeu a esmagadora importância na natureza daquilo que Darwin descreveu como ‘the natural checks to over-multiplication’ em comparação à luta de indivíduos de uma mesma espécie pelos meios de sobrevivência, presente em determinadas circunstâncias, porém que nunca supera a primeira.
“O fator de maior importância para a manutenção e preservação das espécies e sua mais profunda evolução seria a ajuda e o suporte mútuos entre os indivíduos de uma mesma espécie. Kropotkin (1902) observou um período de evolução comprometedor justamente em períodos de calamidade/escassez de alimentos, quando indivíduos fisicamente debilitados, em um esforço para preservar a vida, desenvolvem competição.”
O autor critica o pensamento de darwinistas (não Darwin, propriamente) e sociólogos de que o homem, por possuir uma “inteligência superior, pode mitigar o esforço e competição pela vida entre os indivíduos de sua própria espécie. No entanto, ao mesmo tempo, consideram a competição pelos meios de sobrevivência como uma lei da natureza (Kropotkin, 1902).
As instituições de ajuda mútua são grupamentos humanos existentes desde os períodos mais remotos da espécie humana e responsáveis pelo seu desenvolvimento. A imensa influência que essas instituições exerceram sobre a espécie humana levou o autor a pesquisar outros períodos, incluindo as instituições de ajuda mútua do seu tempo, quando ocorreu a expansão dos sindicatos e cooperativas na sociedade industrializada, também os diversos tipos de associações como clubes, grupos de estudos e ensino (Kropotkin, 1902). Kropotkin, P. (1902). Mutual aid: A factor of Evolution. London: Heinemann, 1902
Naquele contexto de consolidação da organização do trabalho e produção capitalistas, o diferencial da cooperação residia justamente na experimentação de diferentes formas de organização capazes de emancipar os trabalhadores do trabalho assalariado, uma vez que eles se organizavam em associações igualitárias e livres (o que continua sendo o seu diferencial). Nesses termos, cooperação representa a autogestão através: da participação na gestão, do interesse coletivo na produção, da eleição direta dos órgãos de gestão, da igualdade entre os votantes, da definição de objetivos coletivos para o conjunto da empresa, do rodízio de responsabilidades, apenas para citar alguns (Arvon, 1985).
Arvon, H. (1985). L’ autogestión. Paris: Presses Universitaires de France. [ Links
Portanto, a cooperação em empreendimentos coletivos é diferente daquela descrita por Marx (2002) no processo de produção capitalista, em que os trabalhadores desenvolvem atividades conjuntas, mas sem vínculos entre eles, sem a posse dos meios de produção, tendo como elo apenas a figura do capitalista. Aqui a vinculação ocorre entre os trabalhadores, que formam de maneira voluntária e consciente associações de trabalho, porque entendem que sua força está na organização coletiva. Essa constitui uma modalidade específica de organização do trabalho em cooperação, capaz de gerar uma sociabilidade diferenciada.
TENSÕES NO DESENVOLVIMENTO DE COOPERATIVAS: O FAZER
A evolução cooperativa, quando acontece, gera um grande desafio: evitar a perda da participação/democracia e degeneração - desaparecimento da cooperativa, sua absorção por outro grupo ou transformação jurídica (Bretos & Errasti, 2016, 2018; Chaves & Sajardo, 2004; Cheney, Cruz, Peredo, & NazBretos, I., & Errasti, A. (2016). Challanges and opportunities for the regeneration of multinational worker cooperatives: Lessons from the Mondragon Corporation - a case study of the Fagor Ederlan Group. Organization, 24(2), 154-areno, 2014; Errasti, 2013; Martínez, 2005; Spear, 2004).
Chaves, R., & Sajardo, A. (2004) Economía política de los directivos de las empresas de economía social. CIRIEC - España, Revista de Economía Pública Social y Cooperativa
Cheney, G., Cruz, I. S., Peredo, A. M., & Nazareno, E. (2014). Worker cooperative as an organizational alternative: Challenges, achievements and promise in business governance and ownership. Organization, 21(5), 591-603
A tese da degeneração basicamente estabelece que as cooperativas tenderão inevitavelmente a adotar o mesmo modelo organizacional das empresas tradicionais para sobreviver, desenvolvendo gradualmente uma elite dirigente que desestimula a democracia. Devido à necessidade de incrementar a eficiência e em função disso o crescimento, as cooperativas precisam desenvolver novas estruturas e divisão do trabalho. Os trabalhadores não sócios podem se tornar numerosos e os objetivos muito semelhantes aos das empresas tradicionais (Cornforth, 1995), 16(4), Cornforth, C. (1995). Patterns of cooperative management: Beyond the degeneration thesis. Economic and Industrial Democracy 487
. Essa tese tem origem no marxismo e na crítica socialista de que operando em um sistema capitalista as cooperativas são experiências limitadas e acabam refletindo esse sistema. Também em outras teorias e estudos, como a teoria das elites (Michels, 1969). Michels, R. (1969) Los partidos políticos: Un estudio sociológico de las tendencias oligárquicas de la democracia moderna (Vol. 2). Buenos Aires: Amorrortu Editores. [ Links ]
TESE DA DEGENERAÇÃO
Com base em argumentos como esses, desenvolveu-se uma linha que contrapõe a tese da inevitável degeneração, defendendo/verificando que processos de regeneração também ocorrem em diferentes fases do ciclo de vida cooperativo, devido a um reconhecimento de que houve um afastamento entre a realidade e a retórica democrática (Cornforth, 1995; Bialoskorski Neto, 2004; Coque Martinez, 2005; Stryjan, 1994). Martínez, J. (2005). ¿Cómo seguir compartiendo soluciones? La gestión del ciclo de vida cooperativo. Cayapa: Revista Venez”olana de Economía Social, 5(9), 4-22.
Stryjan, Y. (1994). Understanding cooperatives: The reproduction perspective. Annals of Public and Cooperative Economics, 65(1), 59-79.
“Não obstante, em sua evolução as cooperativas defrontam-se com um desafio talvez mais difícil do que as empresas tradicionais, o equilíbrio entre crescimento quantitativo e desenvolvimento qualitativo, que envolve a conservação de sua identidade. Coque Martínez (2005) realizou uma adaptação do ciclo de vida organizacional à realidade das cooperativas e o sintetiza nas seguintes fases (Coque Martínez, 2005)”.
Fase 1 - caracteriza-se pelo número pequeno de sócios e volume reduzido de operações, o que permite que os sistemas sejam mais informais e que haja uma aversão às práticas empresariais; desde o início são determinados os mecanismos de participação. Essa fase talvez seja a mais difícil de se superar, pela falta de experiência e recursos.
Fase 2 - verifica-se o aumento do número de sócios e necessidade de contratação de técnicos remunerados, bem como equilíbrio entre racionalização das atividades e identidade cooperativa. Vigilância do funcionamento interno frente aos desafios do crescimento, consolidação das formas de participação, preocupação com a qualificação e perfil das pessoas contratadas, com os mecanismos de inserção de novos sócios e gerentes.
Fase 3 - a participação é ameaçada pelo crescimento da burocracia e tecnocracia. Nessa fase, o grupo de sócios fundadores normalmente já foi ou está sendo completamente substituído. É preciso desenvolver ferramentas que estimulem a renovação da confiança, participação e descentralização. O crescimento interno por vias de participação chega ao seu limite, o desenvolvimento passa a ocorrer por relações externas. Experimenta-se maior risco de degeneração (Coque Martinez, 2005), mas se verificam também processos de regeneração (Cornforth, 1995). Cornforth, C. (1995). Patterns of cooperative management: Beyond the degeneration thesis. Economic and Industrial Democracy, 16(4), 487-523
A autogestão é permeada por contradições, por isso, ela deveria ser vista como um processo de reprodução constante. Qualquer pesquisa nessa área deve ser precedida de um exame das possíveis falhas e êxitos, pois a diferença fundamental entre as cooperativas e as empresas tradicionais são os tipos de problemas encontrados e as soluções para enfrentá-los (Stryjan, 1994).
Stryjan (1994) desenvolveu a perspectiva da reprodução cooperativa,.
“Ao longo do tempo, a maneira pela qual a organização responde aos inputs de seus membros determinará a composição da sua população, o que influencia o tipo de indivíduo que ela irá atrair e reter. A partir daí muitos caminhos podem ser tomados e a degeneração é apenas um deles. Além das influências ambientais (Baum, 2007; Hannan & Freeman, 2005; Dimaggio & Powell, 2005) Hannan, M. T., & Freeman, J. (2005). Ecologia populacional das organizações. RAE: Revista de Administração de Empresas, 45(3).
Dimaggio, P. J., & Powell, W. (2005). A gaiola de ferro revisitada: Isomorfismo institucional e racionalidade coletiva nos campos organizacionais. RAE: Revista de Administração de Empresas, 45(2), 74-89
às quais as cooperativas também estão suscetíveis, sua degeneração pode ser o resultado combinado da má administração dos inputs - que em determinadas circunstâncias teriam efeito corretivo - e a deterioração da população restante, bem como de novos membros (Stryjan, 1994).”
A segunda frente de atuação está relacionada à divisão do trabalho e gestão da estrutura.
Esses dois aspectos estão relacionados à necessidade de incrementar a eficiência e a divisão horizontal do trabalho. Porém, uma maior especialização e diferenciação interna não necessariamente geram o desenvolvimento de uma elite ou enfraquecem a democracia
.
AGREGADOS TEÓRICOS PARA O ESTUDO DAS COOPERATIVAS: O DEVIR
A teoria dos jogos é reconhecida como uma área que contribui com modelos importantes de representação para os fenômenos sociais coletivos, pois gera um aparato lógico e prático para a sua interpretação e explicação (Ullmann-Margalit, 1977). Ullmann-Margalit, E. (1977). The emergence of norms. Clarendon Library of Logic and Philosophy. Oxford: University Press. [ Links
Tanto que pesquisadores dessa linha têm dado importância ao fenômeno de emergência da cooperação (Bear & Rand, 2016; Fiani, 2006), Fiani, R. (2006). Teoria dos jogos: Com aplicações em Economia, Administração e Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Campus; Elsevier
Na vida real, a estratégia adotada (cooperar ou desertar) depende das circunstâncias em que se encontra cada jogador, suas características e suas expectativas individuais (Axelrod, 2010). Na Tabela 1, encontra-se a representação do dilema dos prisioneiros.
Tabela 1 O dilema dos prisioneiros.
Cooperar
Desertar
Cooperar
R=3, R=3 Recompensa (R) pela mútua cooperação
S=0, T=5 Pagamento do simplório (S); tentação (T) para desertar
Desertar
T=5, S=0 Tentação (T) para desertar e pagamento do simplório (S)
P=1, P=1 Punição (P) pela deserção mútua
Fonte: Axelrod, R. (2010). A evolução da cooperação. (p. 8). São Paulo: Leopardo Editora.
O trabalho de Axelrod tem repercutido nos estudos sobre cooperação desde a década da publicação do trabalho The evolution of cooperation, em 1984. Baseado no dilema dos prisioneiros, Axelrold desenvolveu um torneio de computador contando com as estratégias enviadas por profissionais de diversos países - somente na segunda fase, foi simulado mais de um milhão de jogadas.” A abordagem desenvolvida esteve baseada em estratégia e não em genética, utilizando-se de uma perspectiva ecológica em que estratégias eficazes vão sendo imitadas e as malsucedidas tendem a não ressurgir ao longo do tempo, não ocorrendo mutação de estratégias, mas um “processo de aprendizagem, sendo possível observar a distribuição das estratégias ao longo das rodadas. As estratégias exploradoras - que não cooperam ou desertoras - estão entre as de pior desempenho porque, na medida em que o tempo passa, sua base de exploradas diminui, sendo assim insustentáveis.”
“A estratégia que surpreendentemente obteve maior sucesso, não necessariamente em pontuação, mas em estabilidade e resultado médio ao longo das gerações de torneios, foi a Olho Por Olho: considerada uma estratégia do tipo gentil; preventiva de problemas desnecessários; que não permite a exploração; clemente, pois é capaz de restaurar a cooperação; clara, permitindo sua fácil compreensão; e estimuladora da cooperação no longo-prazo. O sucesso desta estratégia se deve a estimular a cooperação e não a competição, pois se baseia no princípio da reciprocidade: uma atitude gentil de cooperação obtém o melhor desempenho no longo prazo, podendo alcançar estabilidade coletiva em circunstâncias em que o futuro é relevante para os jogadores, sendo requisito a durabilidade das relações e não necessariamente amizade ou afinidade. Estes aspectos estão relacionados à capacidade de previsão humana, algo bastante semelhante ao que defendeu” Kropotkin (1902).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maneira como foi concebida a pesquisa aqui sintetizada percorreu um caminho elucidativo na compreensão do fenômeno da cooperação e do empreendimento cooperativo, superando a análise conjuntista “do que é feito?” (Le Moigne, 1996, p. 31), respondendo à pergunta “o que faz?” (Le Moigne, 1996, p. 31). A triangulação proposta por Le Moigne (1996) foi preenchida com elementos que nos ajudam a compreender a história dessas experiências, razões para seu surgimento e desenvolvimento (o ser), a prática e o que acontece quando em contato com o ambiente (o fazer) e, finalmente, as tendências evolutivas ou os caminhos possíveis que podem percorrer (o devir). Foi aprofundado o organizacionismo tendo em mente que essa é uma perspectiva autorreflexiva e, portanto, sempre incompleta (Morin, 2007).
O desafio assumido neste trabalho foi o esforço de reconstrução do conhecimento sobre a cooperação, especialmente a que inspira a autogestão de empreendimentos econômicos, retomando teorias e conceitos já clássicos, como essas experiências foram vistas no âmbito do próprio cooperativismo, e como foram complementadas com pesquisas mais recentes ligadas à teoria dos jogos (Axelrod, 2010) e à filosofia analítica para o estudo da cooperação (Tuomela, 2000).
O trabalho construído coletivamente, mesmo sendo realizado para garantir a sobrevivência do indivíduo, através da cooperação ganha novos sentidos, pois recupera sua autonomia e o potencial emancipador do trabalho coletivo, gerando melhores condições para o equilíbrio entre a racionalidade substancial e a racionalidade funcional (Desroche, 2006).
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REFERÊNCIAS
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Palavras-chave: cooperação; cooperativas; desenvolvimento; organizações; sistemas
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